segunda-feira, 3 de maio de 2010

# Sonho

Os dois estavam sentados. Um olhando o lado oposto do outro, como dois estranhos. Um estava de cocoras e olhava para o céu azulado. O outro estava com as pernas uma sobre a outra olhando para a colina logo adiante.
Aquele espaço indica que estavam em algum campo silvestre, alguma monte, algum pasto. O verde era intenso, mas tanto um quanto o outro demonstrava serem do suburbio. Um estava totalmente despojado, o outro totalmente elegante.
- Diga-me o motivo de eu tentar fazer isso comigo mesmo Pedro!
- Não João, diga-me você o motivo de você fazer isso consigo mesmo.
- Pensei que você me ajudaria a responder tais atos.
Passaram a tarde assim, naquea conversa indecifrável. Um tentando se enconder na barra do outro. Um com uma forte sensação de culpa, o outro como se as mãos estivessem atadas. Suspiros e bocejos foram companhias certeiras durantes o momento que passaram juntos. Mas aquilo tinha que mudar.
- Você não vai mesmo me ajudar?
- Você tem que se ajudar.
- Pensei que você me ajudaria com isso.
- Não dá mais pra simplesmente aliviar tuas demências.
- Só desta vez então.
- Certo. Por que suicidar-se?
- Estou com a vida desmoronada, não aguento mais levar a vida como está.
- Isto eu já sei João, conte-me algo mais profundo. Porque esses motivos são bem mais abrangentes.
- Queria encontrar sentindo para viver.
- Suicidando-se? Morrendo?
- Não vi desta forma. Eu vi a morte como uma consequência de meus atos, mas não como um resultado. Ao tentar o suicidio eu buscava o sentido de viver, e só beirando é que descobriria qual o sentido.
- E se não descobrisse?
- A Morte estaria á para mostrar as consequências de meus atos.
Os dois calaram, não se olharam nem um minuto, pareciam apenas dois estranhos com placas de identificação.
- E se você, na queda obtivesse o resutaldo e desistisse de morrer?
- Já disse, a morte seria apenas a consequência, descarte.
- Se a queda fosse mais lenta? Você poderia descobrir mais rápido o sentido de viver.
- Certamente que sim.
- Mas, se você apenas olhasse do alto e pensasse no seu viver e no chão que lhe aguardava, você descobriria o verdadeiro sentido de viver.
- Creio que sim, boa suposição.
Os dois lentamente foram aos seus destinos finais. Deixando aquele cenário - que de verde, estava escuro - e indo para um outro totalmente iluminado, com enormes prédios e grande fluxo de automóveis.
Um foi para um lado, o outro para o outro. Não teve despedidas.
Agora estava ele na cobertura de seu apartamento, tentando obter os resultados da ideia que seu amigo lhe dera. Ele tinha tentado uma vez, não conseguiu porque o amigo lhe empatou, tirou-lhe do eixo. Mas desta vez o mesmo amigo tinha lhe dado uma opção mais certa de se redimir consigo mesmo. Olhava para o chão, fixava-se no chão. E pensava. Pensou em todas as coisas ruins de sua vida, em sua vida cunjugal, em sua vida social, empresárial. Ele não fazia ideia do que fazia ainda neste mundo, que outrora não era mais dele. Apenas um passo. Rumou-se à libertação.
O corpo deliberadamente pousou sobre o chão. Caiu como uma pedra, mas pousou como uma pluma. Talvez tenha realmente achado o sentido de viver. Sentiu cãibras, deu um pulo, descobriu-se e esfregou os olhos. O dia estava quase amanhecendo e para ele nada naquele sonho - ou pesadelo- fazia sentido. Ele apenas tinha um leve pensamento, mas nada, nada fazia sentindo.
Levantou-se, vestiu-se, e foi. Entrou no elevador, como todos os dias. Deu bom dia ao porteiro do prédio em que vivia e saiu para viver o seu dia, viver a sua vida.


(Quantas vezes não sonhamos com algo que queremos né? Mas as vezes são coisas tão surreias, como descobrir o sentido de viver morrendo, sei lá, que acabamos por não acreditar que possa ser real. Não sei. Apenas veio na mente após uma leitura de um conto frustrante do Moacyr Scliar. Disse para mim mesmo: - Faz um conto pequenino. Mas não. La vai eu fazer essas tantas linhas confusas. Aiai uma jaula)



"após uma gripe safada, tomando mastruz com leite (dica de mãe ninguém rejeita) e escrevendo minhas louquices. Querem coisa melhor amigos imaginários? rsrs.

inté outro surto...


12 comentários:

  1. Oi Robério,

    Na verdade, eu só ri desse seu texto... Estava lendo e achando engraçada essa sua imaginação confusa, emaranhada, enfim. Pensava no que deu em você de fazer um texto assim, até saber que foi inspirado num conto que você leu, ainda sob os cuidados em relação a uma gripe forte que pegou.

    Bom, aí sim, me fez acreditar numa explicação coerente...Kkkk Liga não, acontece com as melhores pessoas, meu querido...Rsrs Impossível não rir...Kkkk

    Beijos e, vê se sai logo dessa..."gripe"...rs

    Fico feliz em saber que estaremos juntos no Espaço Aberto...

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  2. Rsrs, pois bem Ana Lúcia. Eu lendo o conto e achando tão bom, no fim foi uma pataquara sem fim. rsrs. Precisei escrever algo né..
    Que bom que gostou! rsrs.
    Abração.

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  3. Obrigado pela visita ao meu blog e pela mensagem carinhosa deixada....vou dar uma sapeada no seu blog...volto depois com mais comentários...

    abração

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  4. OLÁ!
    Vim conhecer seu espaço.
    Nossa, adorei seu texto, muito reflexivo e interessante.
    Desejo melhoras dessa gripe.
    Agora, mastruz com leite, ninguém merece.rs
    Na minha infância, me lembro que minha mãe me fazia tomar à força, mas, não descia de jeito nenhum.
    Tenha uma excelente semana.
    Carinhosamente,
    Lady.

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  5. .

    Robério,

    Mil perdões pelo G.
    O dia que cheguei aqui foi um dia tão atrapalhado
    que de verdade eu passei, olhei, li, mas não peguei os detalhes e dei uma escorregada no teu nome. :P
    Sabe que lendo esse conto, lembrei de um que eu escrevi, alias um dos únicos: Como cultivar orquídeas. É meu xodó. Tem uma pegada parecida.

    Abração p vc!

    .

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  6. Eu fico com medo em imaginar que os nossos sonhos podem mostrar desejos reprimidos. Eu não me orgulho de alguns sonhos, afinal.

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  7. E quando acordou, viveu de fato o que era para ser um sonho. :D

    *-*

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  8. Olá Robério! Obrigada por teres visto o meu blog, agradeço, ainda bem que gostaste. Eu descobri a minha paixão pela escrita aos 10 anos, mas só há pouco tempo me disseram que tinha qualidade. Ando um pouco revoltada, não só com o que está a acontecer ao mundo, mas com as atitudes do ser humano. Com as minhas atitudes! Porque é que agimos e somos assim?
    Bem, gostei de visitar o teu blog, também vou voltar. Beijinhos! :)

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  9. heeey, também vejo o diario do vampiro e a teoria do bing bang, entre outras :)

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  10. Se soubéssemos o que vem a seguir, não daríamos qualquer valor ao agora :)

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  11. Margarida somos agentes do meio... Se soubessemos de tantas resposta, não haveria muito sentindo em viver... Sei lá!...
    Muitissimo obrigado pela visita e sinta-se em casa hã!. Abraços.

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  12. Que simpatia, Robério, também te vou seguir. Beijinhos!

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