sexta-feira, 9 de abril de 2010

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Já estava no entardaecer e ele se encontrava naquele banco, tão esplendido, tão pálido, tão lúcido de si. Estava olhando o sol encolher por entre as nuvens avermelhadas. Observando, assim como em tantas outras tarde, o vento a xaqualhar as folhas do velho Pinheiro.
Ele adorava o cheiro da grama e de sentir a maciez em seus pés e isso lhe deixava muito calmo, mais do que já costumava ser. E não tão diferente desta tarde, eleestava lá, apenas sentado e observando aquelas outras pessoas, com aqueles outros trajes, com uma paciência semelhante a dele.
Ele sentia nelas o que ele sentia em si mesmo, um vazio, um nada. Mas isso não o incomodava, porque ele sabia que mais do que tudo, mais do que todos, ele era diferente de todo resto. E era apenas isso que importava.
Ficava se perguntando se na proxima manhã ele iria ver o sol novamente e sentia falta de não ter a necessidade de se preocupar com o amanhã - porque ele apenas vivia o hoje. Mas ele não era mais aquele cara, ele havia crescido, ele havia feito escolhas, algumas dolorosas e tristemente erradas, outras porém, tão bem escolhidas que lhe proporcinaram uma alegria tão esplêndida, que nunca, nunca poderá esquecer de quão alegre ele foi capaz de ser.
Mas ele sabia que não era mais o mesmo homem. Porque agora ele se preocupava com o amanhã e pensava. Pensava em como era bom ter uma família, ou melhor, em como foi bom ter uma família. Ter uma casa de verdade, ter uma esposa, uma filha, ou quem sabe um filho. Ele nem sabia mais de sua propria existencia e isso o deixava amargurado.
Sentia-se perdido, apesar de estar sentado naquele banco há tantos anos, ele se sentia perdido toda vez que chegava o entardecer e ele via que a sua existencia estava se extinguindo cada vez mais. Sentia-se amedrontado e saberia que não tinha mais ninguém por ele, apenas ele - mas estava perdido.
Estava olhando mesmo para as outras pessoas e ele sabia que tudo o que acontecey na sua vida não foi em vão. Ele viveu, ele conheceu tudo o que pode, ele amou a todos que conseguiu, ele sorriu, ele foi quem ele realmente queria ser. As vezes omitia fatos, mentia, era sincero, mas ele sabia que já havia vivido e quando se certificava disso, ele não se sentia mais perdido.
Porque apesar de sentir que o tempo havia passado, ele não parou no tempo, ele passou juntinho à ele. E isso o fez estar lá, naquele velho banco, olhando aquelas velhas pessoas, olhando para aquele velho sol e agora se perguntava não se veria o amanhã, mas sim quantos amanhãs ainda seria capaz de ver.


(... eu não gostaria de estar sentado neste banco, porque não gosto de me imaginar velho, muito menos solitário, e eu sei que esse é um futuro óbvio para muitos, inclusivo à mim. Nem sempre. Mas, eu só não queria ter que viver uma vida toda e no final ter pensado que a vida que vivi não valeu pra nada)

... foi criado assim, num pensamento rápido. As vezes é assim que acontece, rapidamente. E tive sorte de estár logado no PS.

inté mais!

3 comentários:

  1. Gostei muiito do texto, muito bem redigido, parabéns!

    P.S: Visite meu blog, se vc puder é claro!
    http://vytaminae.blogspot.com/

    Bjs!

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  2. Olá.

    A incerteza da quantidade de dias ainda nos restam, dá uma dorzinha danada.
    Afinal, os dias que vivemos são também responsáveis pela preservação dos próximos a serem "vividos".
    E quando já não temos mais essa certeza, o triste olhar refletido pelos pensamentos de angústia, fará com que as piores interpretações sejam tomadas mediante o pessimismo que é capaz de mostrar.

    De um de seus amigos imaginários. Betinho dom Bem.
    http://sites.google.com/site/reflexaoemocao/

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  3. Gosto de seu texto,assim consigo entender um pouco vc,a sensibilidade q vc utiliza para narrar as sensações do personagem me faz admirar seu texto,muito bom ,estou anciosa para ver o de sabado!rsrsrs.vc é criativo.tchau!

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