terça-feira, 20 de abril de 2010

Ela merece a postagem!

Na pavimentada!

Ela saiu de casa bem cedo, com o seu guarda-chuva. A chuva estava tão cruel que ela precisava mesmo dobrar as calças. Sua roupa era toda social, estava indo para o trabalho, e não era nada agradavel ter a chuva logo no inicio do dia.
Pegou o ônibus, como de costume, lotado. As pessoas, assim como ela, estavam molhadas da chuva e também estavam segurando os guarda-chuvas. A água de uma guarda-chuva escorria e estava pigando na sandália dela. Mas que diferença fazia? Ela estava molhada. O importante é que estava indo para o trabalho e com certeza iria chegar à tempo.
Bom, chegou atrasada, por sinal. Parece que em dia de chuva o transito fica horrivel. E nossa, ela ficou louca no 2° ônibus. Porque ela viu que iria chegar atrasada e ela sabia também que não poderia chegar atrasado. Ela sabia de muitas coisas, por isso o trabalho se tornou-se tolerável com ela.
Mas o chefe ralhou-lhe e pediu para que ela tivesse mais pontualidade: - Como se eu não tivesse. Eu tenho culpa do trânsito ser uma porcaria! Sentou-se, emburrada, molhada e atrasada. Ela nem havia começado o seu dia direito e já tinha motivos de sobra para encerrá-lo.
A manhã foi modorrenta e só veio melhorar as coisas após horário de descanso. Ah! Mas foi tão curtinho a melhora. O chefe entrou na sala, soltando mil e umas conclusões sobre a coitada. Dizia ele que ela era irreponsável, que ela não sabia distinguir o que era um fulano do sicrano e que agora ela teria que reparar o erro que havia cometido. Ela errou mesmo. Estava convicta disto e pô-se a desfazer o erro. A reparar, melhor dizendo. Foi complicado, frustrante e chateante. Todos os três ao mesmo tempo, e isso tomou-lhe as forças.
Pedia a Deus que viesse logo o cair da tarde, para poder ir para o único cantinho onde tinha tranquilidade, o único cantinho que podia descansar.
Mas o tempo estava contra ela e estava lhe deixando atordoada. De dez em dez "milésimos" ela voltava a vista para o relógio e descobria que o tempo estava mesmo brincando com ela e que hoje deu para ser malvado.
Mas soube vencer-lhe. Obvio: aguardou ele cansar de zuar com a cara dela e quando viu, já era hora de encerrar o terrivel expediente. Em que, mesmo sendo o dia todo numa mesa aborrotada de papeis sobre papeis, tirou-lhe todo o seu esforço mental. E isso abalava o fisico também.
Agora estava em pé, sobre a para de ônibus rezando a Deus uma Ave Maria para que houvesse uma cadeira para ela se sentar. E havia mesmo. Ela agradeceu e sentou-se com tanto prazer. Mas ela viu ao longe a velhinha. Tadinha, tão cansada. Não, ela não estava pensando na velhinha, estava pensando em si mesmo. Mas sabia o que havia de fazer. O caminho para casa era longe e agora ela estava em pé. Ao menos a velhinha pediu-lhes as coisas que estava sobre seus braços.
O ônibus estava na avenida principal, logo logo chegaria em sua casa e descansaria: era tudo o que ela mais queria. Mas ele parou, era o sinal talvez. O motorista desceu, e de repente ele pediu para que todos saíssem. Ela não acreditou que isso estava acontecendo com ela e acompanhando a multidão, desceu também.
O motor do ônibus teria dado algum defeito, segundo o proprio motorista e que eles deveriam aguardar um novo ônibus: - Minha Nossa Senhora, mas se esse tá lotado, imagina o que vai vir. Vai lotar mais ainda; era o que as pessoas estavam murmurando. E ela sentou no "parapeito" da estrada. Com as mãos entre os joelhos. Ficou lá, esperando o outro ônibus, com uma expressão de cansaço.
O rapaz estava na parte pavimentada da avenida, fazendo, como de costume, seu coupper e se deparou com a imagem daquela mulher. Com a fisionomia tão cansada, tão destruída. Sentada alí, com o ônibus no 'prego', aguardando outro ônibus lotado vir lhe pegar. Ele imaginou em quão arduo foi o seu dia e que agora, tudo o que lhe restava era sua cama limpa e seca. Mas olha só que injustiça, ela estava lá, cansada e esperando outro ônibus.
Ele viu aquela cena e pensou: - Eu acho que vou por isso no meu blog. E assim fez. Foi com aquela história desde o momento que viu aquela mulher, tão distante de todos. E ao chegar em casa, parou em frente ao seu computador e ao logar no blog, começou a imaginar como teria sido o dia dela. E na verdade, ele não pensou muito no final. Acho que o mais interessante estava no que havia deixado ela assim. E ele sabia que dias iguais aqueles viriam outras vezes e ela, desamparada, seria novamente aquela mulher tão distante de tudo e de todos. E ele sabia também que ao chegar em casa o que ela mais queria era dormir, esquecer o dia que teve e pular para o proximo. E torcer, para que o proximo não seja tão ruim quanto este foi, torcer!
Ele achou que deveria fazer isso por ela. E fez. Porque ele é meio doidinho e pensa demais nas coisas alheias!

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(Vivemos, as vezes, ao redor de coisas tão grandes, de coisas tão cheias de si, que é como se elas nos apagassem, nos deixassem menores. As vezes nos distanciamos, somos outras pessoas, temos outras ações. As vezes porque estamos tão delibitados mentalmente que não conseguimos nem ao menos pensar em 'pensar', ou vezes, muito regular, porque perdemos nossas forças fisicas para querer lutar por algo que nos faça bem e querer lutar para sermos algo "...que nos faça bem". O cansaço nos vence, não porque somos fracos, mas porque nos rendemos à ele.)

inté mais... :)

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